A Síndrome de Gorlin, Síndrome de Gorlin-Goltz ou Síndrome do Carcinoma Nevóide de Células Basais é uma doença genética rara que predispõe ao desenvolvimento de múltiplos carcinomas basocelulares, um tipo de câncer de pele, e/ou ceratocistos odontogênicos ao longo da vida.

Podem surgir também malformações esqueléticas, oftalmológicas e problemas neurológicos. Os sinais e sintomas podem começar ainda em idade jovem, como na infância.

A prevalência da Síndrome de Gorlin varia, sendo estimada na população europeia em 1 caso a cada 31 mil a 164 mil indivíduos.

Entenda as causas, os sinais e sintomas e a importância do diagnóstico precoce da Síndrome de Gorlin.

O que causa a Síndrome de Gorlin?

A Síndrome de Gorlin pode ser causada por variantes herdadas de um dos pais (70% a 80% dos casos) ou por mutações de novo (20% a 30% dos casos). Alterações genéticas no gene PTCH1 são a principal causa da doença, correspondendo a cerca de 85% dos casos, e cujo padrão de herança é autossômica dominante.

PTCH1 é um gene supressor de tumor responsável pela produção da proteína patched-1 que desempenha, combinada a outras proteínas, uma função essencial na sinalização de diversos processos celulares, como formação e homeostase do tecido ósseo.

Além de alterações no gene PTCH1, variantes patogênicas em outros genes, como SUFU e PTCH2, já foram associadas à Síndrome de Gorlin. 

Penetrância e expressividade da Síndrome de Gorlin

A penetrância da Síndrome de Gorlin é praticamente completa, mas a expressividade é variável, ou seja, as manifestações clínicas podem variar entre os pacientes e de acordo com o gene alterado. 

Como consequência do padrão de herança da doença, herdar uma cópia alterada do gene já é o suficiente para o desenvolvimento da Síndrome de Gorlin e de manifestações clínicas como macrocefalia e malformações esqueléticas.
Já para o aparecimento dos tumores típicos da doença, como o carcinoma basocelular, é necessário que ocorra uma segunda mutação, adquirida ao longo da vida do indivíduo (esporádica). 

Quais são os sinais e sintomas da Síndrome de Gorlin?

Pacientes com a Síndrome de Gorlin podem apresentar sinais e sintomas como:

  • Carcinomas basocelulares: característica marcante da Síndrome de Gorlin, podem variar de cor e de tamanho, podendo ser em forma de placa ou pápula, localizados preferencialmente no rosto, costas e peito. O carcinoma basocelular tem incidência maior em indivíduos de pele clara.
    • A idade média do aparecimento das primeiras lesões desse tipo de câncer de pele é por volta dos 20 anos de idade. O indivíduo pode desenvolver diversos carcinomas basocelulares ao longo da vida.
  • Poços palmares e poços plantares: pequenas depressões avermelhadas na pele das palmas das mãos e das solas dos pés. Podem ocorrer em até 90% dos pacientes com Síndrome de Gorlin.
  • Ceratocistos (ou queratocistos) odontogênicos: outro sinal característico da síndrome, são lesões benignas de origem cística que estão presentes na região da mandíbula e maxila. Ocorrem em média aos 13 anos de idade e podem causar inchaço, incômodo, deslocamento dos dentes e dor.
    • Cerca de 65%-75% dos pacientes com Síndrome de Gorlin apresentam os ceratocistos odontogênicos, que podem ser recorrentes.
  • Meduloblastoma: tumor maligno cerebral, geralmente surge ainda na infância, ocorre em cerca de 5% a 10% dos pacientes com a Síndrome de Gorlin.
  • Malformações musculares e/ou esqueléticas: como costelas bífidas, fissura labial, fenda palatina e macrocefalia com testa proeminente.  
  • Malformações oftalmológicas: hipertelorismo (aumento anormal da distância entre os olhos), cegueira e estrabismo. 
  • Convulsões e outros problemas neurológicos.
  • Fibromas no coração e ovários.
Principais sintomas da síndrome de Gorlin: lesões de câncer de pele, ceratocisto odontogênico e malformações esqueléticas
Principais sinais associados à Síndrome de Gorlin.

Como é o tratamento para Síndrome de Gorlin?

O tratamento para Síndrome de Gorlin é multidisciplinar e envolve o acompanhamento por diversos especialistas, como dermatologistas, neurologistas, pediatras, dentistas, psicólogos e ortopedistas, para que as manifestações da doença sejam identificadas precocemente, possibilitando um tratamento mais eficaz.

Um dos cuidados, por exemplo, é com o rastreio das lesões de carcinoma basocelular: o paciente deve passar periodicamente pela avaliação de um dermatologista, para identificar precocemente as lesões cancerígenas. 

Síndrome de Gorlin e câncer de pele
Dado o risco elevado conferido pela Síndrome de Gorlin para o surgimento de carcinoma basocelular, os indivíduos com a doença devem adotar medidas para se proteger dos raios ultravioleta (UV) do sol e prevenir o surgimento das lesões.
Dentre essas medidas estão o uso constante de protetor solar de amplo espectro, chapéus, bonés, roupas com proteção UV e óculos de sol. Além disso, é importante evitar a luz solar e ficar preferencialmente à sombra.

A periodicidade e os tipos de exames realizados dependem da idade do paciente e do histórico pessoal. Apenas um médico pode indicar o tratamento para o paciente.

Como é feito o diagnóstico para Síndrome de Gorlin?

O diagnóstico para Síndrome de Gorlin pode ser demorado, dado a raridade da doença, que muitas vezes não é conhecida pelos médicos. O diagnóstico é baseado nos achados clínicos, conforme critérios chamados de critérios maiores (ou principais) e critérios menores (ou secundários). 

Para o diagnóstico da Síndrome de Gorlin é preciso que o paciente tenha dois critérios maiores, um critério maior associado a dois critérios menores ou um critério maior associado à confirmação da presença da variante patogênica pelo teste genético.

Dentre os critérios principais estão dois ou mais carcinomas basocelulares, ceratocistos odontogênicos antes dos 20 anos de idade e depressões palmares ou plantares. Já dentro dos critérios secundários estão as malformações nas costelas e outras malformações esqueléticas.

O diagnóstico precoce da Síndrome de Gorlin é essencial para que as melhores medidas de acompanhamento e tratamento sejam feitas.

Importância do diagnóstico genético para a Síndrome de Gorlin

O diagnóstico genético é uma importante ferramenta para a Síndrome de Gorlin pois permite:

  • Diagnóstico assertivo no caso em que os achados clínicos não são o suficiente para fechar o diagnóstico, ou quando há suspeita de várias doenças, dado que os sintomas podem ser similares.
  • Melhor direcionamento da conduta terapêutica com base na alteração genética apresentada pelo paciente. Alterações no gene SUFU, por exemplo, aumentam consideravelmente o risco de desenvolvimento do meduloblastoma. 
  • Aconselhamento genético dos familiares do paciente.

Apenas um médico pode avaliar os benefícios e limitações do exame de diagnóstico genético.

Mendelics e Síndrome de Gorlin

Para auxiliar no diagnóstico da Síndrome de Gorlin, a Mendelics tem painéis genéticos que avaliam os genes relacionados à doença: 

Todo exame de diagnóstico genético precisa de pedido médico para ser realizado.

Se tiver dúvidas sobre os nossos exames genéticos, entre em contato conosco pelo site, pelo e-mail contato@mendelics.com.br ou pelo telefone (11) 5096-6001.

Revisão

O que é Síndrome de Gorlin?

A síndrome de Gorlin é uma doença genética rara que predispõe ao desenvolvimento de múltiplos carcinomas basocelulares, um tipo de câncer de pele, e/ou ceratocistos odontogênicos ao longo da vida. Podem surgir também malformações esqueléticas, oftalmológicas e problemas neurológicos.

Qual é a causa da Síndrome de Gorlin?

A Síndrome de Gorlin pode ser causada por variantes herdadas de um dos pais ou por mutações de novo nos genes PTCH1, PTCH2 e SUFU. O padrão de herança é autossômica dominante.

Qual a importância do diagnóstico genético para a Síndrome de Gorlin?

O diagnóstico genético para Síndrome de Gorlin permite identificação assertiva da doença no caso em que os achados clínicos não são o suficiente para fechar o diagnóstico, melhor direcionamento da conduta terapêutica com base na alteração genética apresentada pelo paciente e aconselhamento genético dos familiares do paciente.

Referências

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