Entenda o que é xeroderma pigmentoso, quais são as causas genéticas, sinais e sintomas e qual a importância do diagnóstico genético da condição.

 

O xeroderma pigmentoso (XP) é um grupo de doenças genéticas caracterizadas pela sensibilidade extrema à radiação ultravioleta (UV), presente na luz solar, que pode resultar em lesões graves na pele e nos olhos e, em alguns casos, levando a problemas neurológicos. Indivíduos com xeroderma pigmentoso têm um risco aumentado de desenvolver câncer de pele em idade jovem.

O xeroderma pigmentoso é considerado raro e a sua incidência pode variar entre as populações no mundo. Nos EUA e na Europa, por exemplo, a incidência estimada é de 1 – 3 casos para cada 1 milhão de indivíduos; já no Japão, Paquistão e países do Norte da África a incidência pode ser maior.

Xeroderma pigmentoso no Brasil

No Brasil, a incidência do XP é estimada em 1 caso para cada 1 milhão de indivíduos. Populações com isolamento geográfico e/ou alto nível de consanguinidade podem ter uma incidência maior, como é o caso do distrito de Araras, localizado na cidade de Faina (GO), cuja incidência do xeroderma pigmentoso é estimada em 1 caso para cada 410 habitantes.

 

Conheça as causas do xeroderma pigmentoso, quais os sinais e sintomas, as formas de tratamento e a importância do diagnóstico genético para esse grupo de doenças.

 

Causas do xeroderma pigmentoso

 

O xeroderma pigmentoso é causado por variantes patogênicas presentes em genes importantes envolvidos com o reparo de modificações induzidas por raios UV no material genético das células.

Em indivíduos saudáveis, essas alterações são identificadas e reparadas. No entanto, em indivíduos com XP, o reparo dos danos causados pela luz UV não acontece corretamente.

Dentre os genes associados ao XP, destacam-se os envolvidos no processo de reparo por excisão de nucleotídeos (nucleotide excision repair – NER), como XPC e XPA. Esses genes produzem proteínas muito importantes que identificam e consertam danos no DNA, causados principalmente pelos raios UV.

O gene POLH, cujo produto protéico repara alterações no DNA causadas pelos raios UV durante o processo de replicação, também está associado à doença. Além disso, alterações em outros seis genes já foram relacionadas ao XP.

 

Gene – grupo/doença clínica

XPC

XP-C

XPA

XP-A

POLH

XP-V, XP-variante ou variante XP 

ERCC1

ERCC1 (forma muito rara)

ERCC2

XP-D

ERCC3

XP-B

ERCC4

XP-F

ERCC5

XP-G

DDB2

XP-E

 

No XP, as falhas nos mecanismos de reparo do DNA levam ao acúmulo de mutações nas células, principalmente nas regiões do corpo mais expostas à luz UV, como a pele e os olhos. Por consequência, pode ocorrer a formação do câncer

O XP tem padrão de herança autossômica recessiva, ou seja, o indivíduo precisa herdar as duas cópias alteradas de um dos genes para manifestar a condição. Portadores de apenas uma alteração genética geralmente não manifestam a doença. 

Heredograma representando o padrão de herança autossômico recessivo

Porém, um estudo feito no Japão mostrou um risco aumentado para o desenvolvimento de um tipo específico de câncer de pele em indivíduos heterozigotos para uma variante no gene XPA.

 

Sinais e sintomas do xeroderma pigmentoso

 

Indivíduos com XP podem apresentar uma ampla variedade de sinais e sintomas, que podem se manifestar ainda nos primeiros anos de vida ou apenas em idade adulta, e com maior ou menor grau de intensidade, dependendo do tipo da doença.

A maioria dos afetados pelo XP apresentam reações agudas na pele, como queimaduras graves em resposta à exposição solar, mesmo que por pouco tempo. Além disso, os indivíduos com XP têm manchas hiperpigmentadas semelhantes a sardas nas regiões da pele que são mais expostas ao sol, como o rosto. 

A exposição contínua à luz solar provoca um ressecamento (xerose) na pele dos indivíduos com XP, daí o nome da doença: xeroderma = pele seca + pigmentoso = com manchas pigmentadas. 

Ainda na pele, o XP pode causar fotoenvelhecimento precoce, poiquilodermia (hiperpigmentação da pele), telangiectasia (pequenos vasos sanguíneos visíveis abaixo da pele) e pode levar ao surgimento de lesões cancerígenas em idade jovem.

 

Câncer de pele e xeroderma pigmentoso

Indivíduos com XP tendem a apresentar várias lesões de câncer de pele, que podem se iniciar ainda na primeira década de vida. O risco para desenvolver as lesões cancerígenas do tipo não-melanoma (câncer das células basais e câncer das células escamosas) pode aumentar em 10.000 vezes*

Já para casos de câncer de pele do tipo melanoma, o risco pode aumentar em 2.000 vezes*

Em ambas as situações, na média, o surgimento das lesões cancerígenas acontece consideravelmente mais cedo do que na população saudável. O câncer de pele é a causa de morte mais comum em indivíduos com XP.

*indivíduos com menos de 20 anos

 

Além das manifestações clínicas na pele, outras manifestações do XP podem incluir:

Sinais e sintomas do Xeroderma Pigmentoso.

 

Tratamento para xeroderma pigmentoso

 

O tratamento para XP varia de acordo com as necessidades de cada paciente e, geralmente, consiste em adotar medidas de fotoproteção desde cedo para diminuir os efeitos do sol e de outras fontes de luz UV, reduzindo as chances do surgimento de lesões na pele.

Quanto mais cedo o paciente adota as medidas de proteção, menos complicações graves da doença tendem a surgir.

Dentre as medidas de fotoproteção que podem ser adotadas tem-se: uso diário de protetor solar com alto fator de proteção, proteção intensiva do corpo com roupas de manga longa e calças compridas, uso de chapéu com aba longa, uso de luvas com proteção solar e óculos de sol apropriados. 

Cirurgias podem ser necessárias para remoção de lesões e tumores na pele e nos olhos. Medicamentos tópicos e reposição de vitamina D também podem ser indicados, dependendo do caso.

No aspecto emocional e social, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, é muito importante que o paciente com XP não se prive do convívio social e, tomando as devidas medidas de fotoproteção e prevenção recomendadas por um especialista, participe das atividades da comunidade à qual faz parte.

O acompanhamento médico periódico é essencial para identificar precocemente as lesões na pele, nos olhos, problemas neurológicos e na audição, com a finalidade do tratamento precoce.

Apenas um médico pode recomendar o melhor tratamento para as necessidades de cada paciente. Consulte sempre um especialista!

 

Diagnóstico do xeroderma pigmentoso

 

O diagnóstico do XP pode ser feito com base no histórico familiar e em observações clínicas, principalmente levando-se em consideração os sinais na pele, como a sensibilidade extrema do indivíduo à exposição solar. 

Visto que outras doenças podem apresentar sintomas e sinais semelhantes ao XP e que existe também uma variedade de tipos de XP, os exames genéticos se tornam uma ferramenta importante para um diagnóstico preciso, que forneça informações sobre o genótipo e o fenótipo de um paciente. 

Pelo teste genético é possível determinar qual variante patogênica um indivíduo tem, permitindo que o médico tome decisões clínicas melhor embasadas a respeito do tratamento e do acompanhamento de um paciente.

Além disso, o diagnóstico genético tem importância para o aconselhamento genético, já que possibilita que familiares de pacientes com mutações associadas ao XP tenham um acompanhamento médico adequado.

 

Xeroderma pigmentoso e a Mendelics

 

O diagnóstico genético do XP identifica as variantes patogênicas presentes nos genes associados a esse grupo de doenças.

O Painel Expandido de Melanoma e Câncer de Pele oferecido pela Mendelics faz o sequenciamento completo (exons e regiões intrônicas flanqueadoras) e avaliação do número de cópias (CNV) por sequenciamento de nova geração (NGS) de oito genes associados às diferentes formas do xeroderma pigmentoso.

Os mesmos genes também são analisados no Painel de Câncer Hereditário (completo), oferecido pela Mendelics.

Todo exame de diagnóstico genético precisa de um pedido médico para ser realizado.

Através de tecnologia avançada, uma equipe altamente especializada e 10 anos de experiência em análises genéticas de câncer hereditário, a Mendelics oferece as melhores ferramentas e análises para tornar o diagnóstico genético rápido, preciso e acessível

Quer saber mais sobre o xeroderma pigmentoso e os exames da Mendelics? Deixe sua pergunta nos comentários abaixo ou entre em contato com a nossa equipe pelo telefone (11) 5096-6001 ou através do nosso site.

 

Revisão

O que é xeroderma pigmentoso?

É um grupo de doenças genéticas raras que causa sensibilidade extrema à radiação ultravioleta presente, por exemplo, na luz solar. Também causa fotofobia e, em algumas situações, problemas neurológicos. Indivíduos com xeroderma pigmentoso têm uma chance consideravelmente maior de desenvolver câncer de pele.

Qual é a causa do xeroderma pigmentoso?

O xeroderma pigmentoso é causado por variantes patogênicas presentes em genes envolvidos no reparo de modificações causadas pela radiação ultravioleta (presente na luz solar, por exemplo) no material genético das células.

Qual a relação entre câncer de pele e xeroderma pigmentoso?

No XP, as falhas nos mecanismos de reparo do DNA levam ao acúmulo de mutações nas células de regiões do corpo mais expostas ao sol, como a pele e os olhos. Por consequência, pode ocorrer o surgimento de câncer. 

Como é feito o diagnóstico do xeroderma pigmentoso?

O diagnóstico leva em consideração a história familiar e os sinais e sintomas do indivíduo, como sensibilidade extrema à luz solar e fotofobia. No entanto, testes genéticos são a melhor forma de identificar corretamente qual variante patogênica uma pessoa apresenta, possibilitando um melhor acompanhamento médico.


 

Referências

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