Entenda o que é, qual a causa, os sintomas e o tratamento da acidúria glutárica tipo 1. Conheça também a história de Théo, que tem a doença.
A acidúria glutárica tipo 1 (AG1) é uma doença genética rara, que afeta o metabolismo de proteínas e que possui tratamento, sendo que, quanto mais cedo for diagnosticada e tratada, melhor a qualidade de vida do indivíduo.
A incidência global de AG1 é estimada em 1:110.000, porém, em algumas comunidades geneticamente mais isoladas a incidência pode ser maior.
Conheça o que causa a acidúria glutárica tipo 1, quais os sintomas, o tratamento e como pode ser feita a identificação da doença.
O que acontece na acidúria glutárica tipo 1?
A AG1, conhecida também como Acidemia Glutárica tipo 1, é uma doença genética rara do grupo de erros inatos do metabolismo (EIM), que é causada pela deficiência de uma enzima mitocondrial chamada glutaril-CoA desidrogenase (GCDH).
Normalmente, o organismo é capaz de quebrar a proteína dos alimentos (presente, por exemplo, no leite e na carne) em aminoácidos. A enzima GCDH é responsável por realizar o metabolismo de produtos intermediários da degradação dos aminoácidos triptofano, lisina e hidroxilisina, quebrando-os em substâncias menores, que posteriormente são convertidas em energia.
Em indivíduos com AG1, a enzima GCDH está ausente ou não funciona corretamente (deficiente), tornando essas pessoas incapazes de metabolizar esses produtos e fazendo com que ocorra um acúmulo deles e de outras substâncias nocivas ao organismo (ácido glutárico, 3-OH-glutárico e glutacônico). Essas substâncias acumuladas começam a danificar uma parte do cérebro chamada gânglio basal, que controla o movimento motor.
Qual a causa da acidúria glutárica tipo 1?
A AG1 é causada por alterações (mutações) nas duas cópias do gene GCDH, que é responsável por produzir a enzima GCDH. Portanto, é uma doença genética com padrão de herança autossômica recessiva.
Quando o indivíduo recebe apenas uma cópia do gene GCDH com alteração (do pai ou da mãe), é considerado um portador. Portadores não têm os sintomas da doença, porém, podem transmitir a cópia alterada do gene para os seus filhos.
Conheça a história de Théo, que tem acidúria glutáricaNo vídeo “Eu matei os neurônios do meu filho” a jornalista Larissa Carvalho conta sua jornada em busca do diagnóstico do seu filho, Théo, que tem AG1. Após muito tempo buscando entender por que ele não se desenvolvia como outras crianças da mesma idade, Larissa descreve como foi receber a notícia da doença e, principalmente, a frustração ao saber que a AG1 tem tratamento eficiente quando diagnosticada precocemente. Conheça mais sobre a história de Théo neste post. |
Quais os sintomas da acidúria glutárica tipo 1?
Recém-nascidos com AG1 nascem aparentemente saudáveis, porém, na maioria dos casos, os sinais e sintomas começam a se manifestar ainda na primeira infância, já que até o leite materno tem proteínas que não podem ser digeridas pelos bebês.
Em um pequeno número de casos, os sintomas de AG1 se iniciam mais tarde: após os seis anos de idade. Casos de início mais tardio da doença, em adultos, são ainda mais raros.
É frequente que recém-nascidos com AG1 apresentem macrocefalia (circunferência da cabeça maior do que o esperado para a idade) ao nascimento. Por isso, a doença precisa ser investigada em recém-nascidos com essa condição.
Quando a AG1 não é tratada precocemente, a criança apresenta crise encefalopática aguda em geral entre 3 meses e 3 anos de idade , caracterizada por diminuição do tônus muscular (hipotonia), perda de habilidades motoras, dificuldade de alimentação e, às vezes, convulsões.
O controle do movimento das mãos, braços, pés, pernas, cabeça e pescoço pode ficar muito difícil e podem ocorrer espasmos musculares também.
Crises da doença ocorrem, geralmente, devido a uma infecção febril, jejum ou outro fator de estresse para o corpo, como vacinas ou cirurgias, e resultam em lesões cerebrais graves e irreversíveis que podem levar à morte.
Qual o tratamento da acidúria glutárica tipo 1?
O tratamento da AG1 tem como objetivo reduzir a produção das substâncias tóxicas ao organismo através da restrição da ingestão de lisina e triptofano. O tratamento é nutricional e consiste em uma dieta hipoproteica com baixo teor de lisina e com suplementação oral de carnitina.
Iniciar o tratamento nutricional adequado o mais rapidamente possível é essencial para evitar as sequelas mais graves (como sequelas neurológicas) e, para isso, a identificação precoce da doença é fundamental.
O tratamento de qualquer doença deve ser definido por um médico especialista para atender às necessidades de cada paciente.
Como a acidúria glutárica tipo 1 pode ser detectada?
A AG1 não faz parte do Programa Nacional de Triagem Neonatal do SUS que rastreia pelo Teste do Pezinho apenas seis doenças (fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase). No entanto, a condição é triada em algumas versões ampliadas do Teste do Pezinho e no Teste da Bochechinha, a triagem neonatal genética da Mendelics.
Teste da Bochechinha e a acidúria glutárica tipo 1O Teste da Bochechinha complementa o Teste do Pezinho oferecido pelo SUS. Através da análise do DNA do recém-nascido, é possível identificar variantes que são associadas a mais de 340 doenças genéticas graves, que se manifestam geralmente na primeira infância e que são tratáveis, como a AG1. Recém-nascidos assintomáticos com alto risco de desenvolver AG1 identificados pelo Teste da Bochechinha podem iniciar acompanhamento médico precoce, melhorando consideravelmente a qualidade de vida. |
Por se tratar de um teste de triagem em recém-nascidos assintomáticos, o Teste da Bochechinha não precisa de pedido médico.
Já indivíduos de qualquer idade que apresentam sintomas de AG1 podem realizar exames de diagnóstico genético para confirmar uma suspeita médica. A Mendelics oferece exames para o diagnóstico genético de AG1, incluindo o Painel de Doenças Tratáveis e o Painel de Distonias.
Todo exame de diagnóstico genético necessita de um pedido médico para ser realizado.
Para saber mais sobre a acidúria glutárica tipo 1 e os exames oferecidos pela Mendelics, deixe sua pergunta nos comentários abaixo ou entre em contato com a nossa equipe pelo telefone (11) 5096-6001 ou pelo site.
Revisão |
O que é acidúria glutárica tipo 1?
É uma doença causada por alterações genéticas nas duas cópias do gene GCDH, responsável por produzir a enzima GCDH, que metaboliza proteínas. Quando essa enzima está ausente ou não funciona corretamente, ocorre um acúmulo de substâncias nocivas ao organismo, que podem danificar uma parte do cérebro que controla o movimento motor. Como a acidúria glutárica tipo 1 pode ser detectada? A doença não é analisada no Teste do Pezinho do SUS, mas é triada em algumas versões ampliadas do teste. Triagem genética em recém-nascidos assintomáticos, como o Teste da Bochechinha, ou exames de diagnóstico genético em indivíduos com sintomas da doença podem identificar alterações no gene GCDH de forma precisa e confiável. Tenho um paciente com suspeita de acidúria glutárica tipo 1. Posso recomendar o Teste da Bochechinha para confirmar o diagnóstico? Não. O Teste da Bochechinha é um teste de triagem neonatal. Quando a criança (ou pessoa de qualquer idade) tem algum sintoma de AG1 ou o recém-nascido teve o resultado do Teste do Pezinho ampliado/expandido positivo para AG1, recomenda-se realizar um exame genético de diagnóstico para confirmar a suspeita. A Mendelics oferece exames para o diagnóstico de AG1, incluindo o Painel de Doenças Tratáveis e o Painel de Distonias. |
Referências
- Glutaric acidemia type I: MedlinePlus Genetics
- TedX Talk. Eu matei os neurônios do meu filho | Larissa Carvalho | TEDxPUCMinas. Published October 19, 2020
- Glutaric Aciduria Type I. NORD (National Organization for Rare Disorders)
- Larson A, Goodman S. Glutaric Acidemia Type 1. PubMed. Published 1993. Accessed November 5, 2020
- Ferreira De Almeida, M. Resumo Consensus for the nutritional treatment of glutaric aciduria type I Consenso para o tratamento nutricional da acidúria glutárica tipo I Sociedade Portuguesa de Doenças Metabólicas 215. Acta Pediatr Port. 2007;38(5):215-237.
- Entry – *608801 – GLUTARYL-CoA DEHYDROGENASE; GCDH – OMIM. Accessed August 5, 2022
Deixe um comentário