Conheça a Epilepsia Responsiva à Piridoxina
A Epilepsia Responsiva à Piridoxina ou Epilepsia Piridoxina-Dependente (Pyridoxine-dependent epilepsy, PDE) é uma doença genética rara caracterizada por crises epilépticas frequentes e persistentes que surgem ao nascimento ou nos primeiros meses de vida. Em casos atípicos a doença se manifesta entre um a três anos de idade ou até mesmo durante a gestação.
A principal característica da PDE é que as crises de epilepsia não são controladas pelos medicamentos antepilépticos comumente utilizados, mas apenas respondem à suplementação de piridoxina (vitamina B6).
Apesar de obterem piridoxina na alimentação, os portadores da PDE precisam de uma suplementação dessa vitamina por toda a vida.
A PDE é uma doença grave, os sinais clínicos variam em cada paciente e o prognóstico depende da idade do diagnóstico e início da suplementação de piridoxina, entre outros fatores. Se não tratada, provoca graves danos no sistema nervoso, afetando a habilidade intelectual e cognitiva da criança.
Qual a causa da Epilepsia Responsiva à Piridoxina?
A PDE é uma doença genética causada por alterações nas duas cópias do gene ALDH7A1. Esse gene é responsável por produzir uma proteína (enzima) chamada antiquitina (conhecida também como desidrogenase do alfa-AASA), que atua no metabolismo do aminoácido lisina, no cérebro.
A ausência de antiquitina, causada pelas alterações no ALDH7A1, ocasionam a uma falha no metabolismo da lisina e o acúmulo de substâncias (metabólitos) que interferem no desenvolvimento e no funcionamento do cérebro.
Somente pessoas que herdaram o gene “defeituoso” da mãe e do pai desenvolvem a doença. A PDE é, portanto, uma doença genética com padrão de herança recessivo.
Quando uma pessoa herda apenas um gene alterado (do pai ou da mãe), considera-se que ela é portadora (do inglês, “carrier”). Portadores não têm sintomas da doença, porém podem transmitir o gene alterado para seus filhos. Muitas pessoas não sabem que são portadoras de uma alteração no gene ALDH7A1 e só descobrem quando tem um filho com a doença.
Quais são os principais sintomas da Epilepsia Responsiva à Piridoxina?
Muitos sinais e sintomas já foram descritos em pacientes com PDE, porém, crises epilépticas logo após o nascimento são os sintomas clássicos. É comum que os recém-nascidos sejam diagnosticados erroneamente por outras doenças, como a encefalopatia hipóxico-isquêmica, devido aos sintomas.
Também é comum que os pacientes apresentem atraso no desenvolvimento e deficiência intelectual.
Como é feito o diagnóstico da doença?
A suspeita do diagnóstico deve ser considerada nos casos de recém-nascidos ou crianças de até 3 anos de idade que apresentam epilepsia ou encefalopatia sem causa explicada e que não respondem aos tratamentos.
A confirmação do diagnóstico se dá por dosagem bioquímica de biomarcadores no plasma ou urina e pela identificação de mutações no ALDH7A1 no teste genético.
O teste genético analisa o DNA do paciente para buscar alterações no gene ALDH7A1. Esse é o teste mais preciso e confiável para identificar a doença, tanto em bebês assintomáticos quanto em pacientes de qualquer idade que tenham algum sintoma da doença. A realização do teste genético também é altamente recomendada para pessoas que tenham histórico familiar da doença.
A PDE é uma doença que se manifesta ao nascimento ou nos primeiros meses de vida e que precisa ser tratada o mais cedo possível. Estudos mostraram que o diagnóstico tardio e o atraso do tratamento em meses ou anos provoca alterações motoras graves com dificuldade de aprendizagem e alterações sensoriais.
A PDE não é testada no Teste do Pezinho básico do SUS e nem nas versões ampliadas e expandidas oferecidas pela rede privada. No entanto, é uma das mais de 320 doenças investigadas no Teste da Bochechinha, o teste de triagem neonatal genética mais completo do Brasil.
Quando a criança (ou pessoa de qualquer idade) tem algum sintoma de PDE recomenda-se realizar um exame genético de diagnóstico para confirmar a suspeita. A Mendelics oferece exames para o diagnóstico da PDE, incluindo o Painel de Doenças Tratáveis e o Painel de Epilepsias.
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Referências
- Pyridoxine-dependent-epilepsy
- Rare-diseases – pyridoxine-dependent-epilepsy
- NCBI – ALDH7A1
- Caraballo R, Garro F, Cersósimo R, Buompadre C, Gañez LA, Fejerman N. Dependencia de piridoxina: valor del diagnóstico clínico y del tratamiento precoz [Pyridoxine dependence: the importance of the clinical diagnosis and early treatment]. Rev Neurol. 2004 Jan 1-15;38(1):49-52. Spanish. PMID: 14730491.
- Coughlin CR 2nd. Pyridoxine-dependent epilepsy is more than just epilepsy. Dev Med Child Neurol. 2020 Mar;62(3):268. doi: 10.1111/dmcn.14405. Epub 2019 Nov 25. PMID: 31763687.
- Jiao X, Xue J, Gong P, Wu Y, Zhang Y, Jiang Y, Yang Z. Clinical and genetic features in pyridoxine-dependent epilepsy: a Chinese cohort study. Dev Med Child Neurol. 2020 Mar;62(3):315-321. doi: 10.1111/dmcn.14385. Epub 2019 Nov 18. PMID: 31737911.
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