O que fazer após tomar a vacina contra COVID-19?

Primeiro precisamos entender que diferentes vacinas têm diferentes efeitos, mas o importante é que todas elas são efetivas na redução de hospitalizações, óbitos e protegem a população.

Vacinas aplicadas no Brasil

Quadro informativo listando as diferentes vacinas para covid-19 e suas respectivas eficácias
Quadro 1: Dados de eficácia global das vacinas aplicadas no Brasil.
* WHO: World Health Organization

Vacinas a serem utilizadas nos próximos meses: Sputnik V (aprovada para importação) e Convidecia (pedido de uso emergencial em análise).

O que a eficácia e efetividade da vacina representam?

A eficácia da vacina refere-se ao desempenho de uma vacina em um ensaio clínico cuidadosamente controlado, enquanto a efetividade descreve seu desempenho em estudos observacionais do mundo real. 

De modo geral, as evidências demonstram que as vacinas para a COVID-19 autorizadas são eficazes na prevenção da doença COVID-19, especialmente quadros graves e morte. Além disso, também há estudos demonstrando que reduzem o risco de transmissão do vírus. Em outras palavras, ao tomar a vacina, o indivíduo diminui suas chances de ser infectado pelo vírus. 

Isso é o que chamamos de eficácia global: quais as chances de você se infectar com o vírus depois de vacinado. Mas o mais importante é que em caso de infecção, o risco de desenvolver um quadro grave ou morrer é muito baixo.

Todas as vacinas disponíveis são eficazes no controle da pandemia.

Por que as vacinas apresentam diferentes taxas de efetividade? 

Com o início da vacinação no mundo inteiro, vários estudos estão sendo conduzidos no intuito de entender a efetividade das vacinas nas diferentes populações. No Quadro 1 é possível observar diferentes valores para a eficácia observada nas populações. 

No Brasil, um estudo realizado pelo Instituto Butantan em Serrana (interior de São Paulo) onde quase toda a população adulta foi vacinada com CoronaVac, observou 80% de efetividade contra casos sintomáticos. E quando a vacinação chegou a 75% da população adulta, as hospitalizações reduziram em 86%, e os óbitos em 95%.

Outro estudo realizado pelo grupo Vaccine Effectiveness in Brazil Against Covid-19 com a CoronaVac em idosos em todo Estado de São Paulo, encontrou efetividade média de 42%, e observou que a taxa de efetividade reduz conforme a idade aumenta: dos 70 aos 74 anos, fica em 61,8%; dos 75 aos 79 anos fica 48,9%; e acima de 80 anos é de apenas 28%.

Já no Chile, um estudo feito com a CoronaVac em 10,5 milhões de pessoas apresentou efetividade de 67% contra casos sintomáticos.

O mesmo foi visto para a vacina Corminaty (Pfizer/BioNTech) aplicada a uma população idosa (77-90 anos de idade) na Dinamarca. A eficácia da vacina nesse grupo foi de 64%, enquanto em grupos de menor idade a eficácia pode chegar a 95%.

Vários fatores influenciam essas diferenças na efetividade das vacinas:

  • Idade – conforme envelhecemos, nosso sistema imune fica mais frágil;
  • Genética – as populações têm diferenças no DNA que podem fazer com que o sistema imune seja mais, ou menos resistente. 
  • Variantes – as novas variantes do coronavírus, que podem escapar a imunidade conferida pelas vacinas e também impactam a eficácia das vacinas em diferentes países. 

Para entender melhor as variantes, leia esse artigo.

Por que ainda posso pegar COVID-19 mesmo após me vacinar?

O objetivo de qualquer vacina é conseguir induzir a resposta imunológica do indivíduo, de modo que quando for de fato exposto ao vírus, seu sistema imune seja capaz de bloqueá-lo ou destruí-lo antes que ele se espalhe e cause sintomas e consequências graves. 

Contudo, a resposta imunológica de cada pessoa depende de muitos fatores como, por exemplo, a idade, a presença de doenças ou comorbidades, fatores genéticos e até estilo de vida, por isso, algumas pessoas ainda podem contrair o vírus e apresentar sintomas graves, mesmo que em uma porcentagem baixa e uma parcela de indivíduos vacinados pode ser infectado pelo vírus e não manifestar sintomas. O perigo nesse último caso é a pessoa contaminar outras pessoas não-vacinadas, mesmo que esses casos também ocorram com menos frequência.

Faça um paralelo com a gripe comum: muitas pessoas ficam gripadas com muita frequência e sentem sintomas como febre, dores e cansaço, enquanto outras dizem nunca ficar gripadas. Todos somos expostos aos vírus de gripe, mas nossos sistemas imunológicos reagem de forma diferente.

Como vacinas contra COVID-19 pode impactar o resultado de um teste para detecção do coronavírus?

Após a vacina, os indivíduos vacinados que forem infectados pelo vírus SARS-CoV-2 podem ter carga viral até 5 vezes mais baixa que pessoas não vacinadas, podendo não ser detectada por exames voltados à identificação de material genético viral.

O mesmo possivelmente ocorre em casos de reinfecção pelo SARS-CoV-2. Esses casos podem gerar resultados falso-negativos nos testes de PCR, ou seja, que detectam a infecção ativa.

Nos testes sorológicos (que detectam os anticorpos gerados em resposta à infecção) é possível que tenham resultado positivo, pois podem detectar os anticorpos gerados pela vacina. Porém, a depender do tipo da vacina e do organismo da pessoa, nem sempre esses testes serão capazes de detectar a presença de anticorpos anti-SARS-CoV-2.

Preciso continuar me testando mesmo após a vacina?

Até o momento, sabemos que as vacinas conseguem impedir que o vírus cause quadros graves da doença na maioria das pessoas, mas não impedem totalmente que a pessoa seja infectada e tenha a doença. Ou seja, pessoas vacinadas ainda podem se infectar e, possivelmente, ainda transmitir o vírus

As chances de uma pessoa vacinada se infectar com o vírus é inversa à eficácia global das vacinas. Considerando os valores que temos no Quadro 1, temos uma probabilidade de infecção de até 49% com CoronaVac, até 14% com a Corminaty, até 37% com a Covishield, e até 33% com a vacina da Janssen-Cilag (J&J).

Por isso, enquanto a maioria da população não estiver 100% imunizada (com todas as doses necessárias), as pessoas vacinadas devem continuar seguindo as medidas de proteção recomendadas, como usar máscara, manter distância, lavar as mãos e se testar se estiver com sintomas de COVID-19, se entrou em contato com alguém com sintomas ou confirmado e/ou se vai encontrar com outras pessoas sem distanciamento físico.

Alguns cenários em que o teste pode ser útil, para pessoas vacinadas ou não vacinadas.

  • Se você apresenta sintomas de COVID-19 (mesmo que já tenha tido COVID-19 anteriormente, ou tenha se vacinado).
  • Se você teve contato próximo com alguém com COVID-19 confirmado.
  • Se você esteve em situações de risco mais elevado e com maior exposição, como em viagens, reuniões/eventos sociais, ambientes fechados lotados ou mal ventilados.
  • Se você vai viajar para outro país ou voltar para o Brasil. A maioria dos países e companhias aéreas estão pedindo a apresentação do teste negativo para embarque/entrada no país.

De modo geral, qualquer pessoa com quaisquer sinais ou sintomas de COVID-19 deve fazer o teste, independentemente do estado de vacinação ou infecção anterior. 

Lembrando que você deve ficar longe de outras pessoas enquanto aguarda os resultados do teste e seguir as orientações do seu médico ou profissional de saúde pública. 

Meu teste PCR está negativo, o que isso quer dizer?

Um resultado de teste que detecta a infecção por SARS-CoV-2 negativo significa que o vírus não foi detectado. E isso não quer dizer que você não está infectado.

Os testes para detecção de SARS-CoV-2, assim como para outros vírus, são desenvolvidos para ter o máximo de acurácia na detecção de casos positivos reais. E o que isso significa?

Os testes não devem ter resultados falso-positivos: se uma pessoa não está contaminada, o resultado nunca deve dar positivo. Para controlar esse tipo de erro é preciso aceitar que o teste tenha resultados falso-negativos, em pequenas taxas, é claro.

Em resumo, resultados positivos são sempre reais. Resultados negativos podem ser equivocados, principalmente para vacinados, que podem apresentar uma carga viral até 5 vezes mais baixa, dificultando a detecção.

Então, se você tiver sintomas de COVID-19 e seu teste der negativo:

  • Você pode ter recebido um resultado de teste falso-negativo e ainda assim pode ter COVID-19.
  • Você deve fazer o isolamento por pelo menos 14 dias e seguir as recomendações de restrição. Entre em contato com um médico e informe sobre seus sintomas.

Se você não tem sintomas de COVID-19 mas foi exposto a uma pessoa com COVID-19 e seu teste der negativo:

  • Você pode não ter se infectado.
  • Você pode ter se infectado e estar assintomático e pode ter recebido um resultado de teste falso-negativo.
  • Você deve fazer o isolamento por pelo menos 14 dias e seguir as recomendações de restrição.

O teste na saliva realmente funciona? 

Diversos estudos demonstraram as vantagens do uso da amostra de saliva para detectar a infecção pelo coronavírus. Os métodos de detecção do SARS-CoV-2 feitos em amostra de saliva permitem a testagem frequente através de uma coleta simples, indolor e que não precisa de insumos caros e em falta no mercado devido à alta demanda, o que os torna mais acessíveis a toda a população.

Além disso, a saliva demonstrou ter maior carga viral e pode ajudar a identificar precocemente a gravidade da doença. Leia mais sobre a importância da saliva para a COVID-19 nesse artigo.

1 ano de #PARECOVID

A vacinação é a melhor solução para o controle da pandemia e proteção da população, mas enquanto ela não está disponível para todos, a testagem em massa é a melhor forma de controle.

Com a missão de contribuir para a testagem em massa e democratizar o acesso a testes para COVID-19 para todos que necessitam, em junho de 2020, a Mendelics lançou o #PARECOVID: um teste molecular de desenvolvimento próprio que, através da técnica de RT-LAMP, identifica a presença do RNA do vírus SARS-CoV-2 na saliva. 

Em junho de 2021, o #PARECOVID completa um ano de existência se consolidando como o teste molecular mais acessível, com capacidade de testagem diária de até 110.000 amostras, e resultados disponibilizados em até 24 horas. Além disso, os resultados obtidos pela Mendelics através do #PARECOVID, permitem prever a taxa de novos casos em São Paulo com uma semana de antecedência.

Um ano de pandemia: Relembre os principais acontecimentos em 1 ano da pandemia do coronavírus nesse artigo.


Referências
  1. Vaccine Tracker 
  2. https://blog.mendelics.com.br/abertura-de-protocolo-do-parecovid-rt-lamp/
  3. https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/paf/coronavirus/vacinas
  4. https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2021.05.19.21257472v1
  5. https://www.nature.com/articles/s41591-021-01316-7
  6. Paltiel AD, Zheng A, Walensky RP. Assessment of SARS-CoV-2 Screening Strategies to Permit the Safe Reopening of College Campuses in the United States. JAMA Netw Open. 2020;3(7):e2016818.
  7. Saliva as a gold-standard sample for SARS-CoV-2 detection
  8. ANVISA – Vacinas aprovadas 
  9. Moustsen-Helms IR, Emborg H-D, Nielsen J, et al. Vaccine effectiveness after 1st and 2nd dose of the BNT162b2 mRNA Covid-19 Vaccine in long-term care facility residents and healthcare workers – a Danish cohort study. doi:10.1101/2021.03.08.21252200
  10. CDC, “Coronavirus Disease 2019 (COVID-19),” Centers for Disease Control and Prevention, Feb. 11, 2020.
  11. World Health Organization (WHO)

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