No final de novembro, as infecções do novo coronavírus aumentaram abruptamente na África do Sul, coincidindo com a detecção da variante Ômicron (B.1.1.529).
A primeira infecção confirmada foi de uma amostra coletada no dia 9 de novembro de 2021. Após observarem o aumento dos casos relacionados à nova variante, pesquisadores da África do Sul a reportaram à Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 24 de novembro e, em seguida, ela já foi relatada em outros países, sugerindo uma alta transmissibilidade (1,2).
A avaliação do Grupo de Aconselhamento Técnico sobre a evolução do vírus SARS-CoV-2 (The Technical Advisory Group on SARS-CoV-2 Virus Evolution), da OMS, nomeou a nova variante de Ômicron e a qualificou como uma variante de preocupação no dia 26 de novembro de 2021 (1).
Assim, a variante Ômicron passa a integrar o mesmo grupo que as variantes Alfa, Beta, Gama e Delta.
Desde a sua notificação, a variante Ômicron já foi detectada em todos os continentes e, até o dia 16 de dezembro, em pelo menos 89 países (2,3), incluindo o Brasil (os primeiros casos foram reportados em São Paulo na última semana de novembro).
Veja a seguir o que sabemos sobre a Ômicron até o momento:
Principais mutações
O SARS-CoV-2, agente etiológico da COVID-19, tem cerca de 30.000 nucleotídeos e codifica 4 proteínas: Envelope, Membrana, Nucleocapsídeo (que envolve o RNA viral) e Spike (Figura 1).
A proteína Spike é usada pelo coronavírus para entrar nas células humanas através do domínio de ligação ao receptor e também é o alvo dos anticorpos produzidos pelo sistema imunológico depois da contaminação pelo SARS-CoV-2 ou vacinação (4).
Mutações que afetam a conformação da proteína Spike estão presentes em todas as variantes de preocupação. A Ômicron possui entre 26 e 32 mutações na região codificadora da proteína Spike, muitas das quais estão localizadas dentro do domínio de ligação ao receptor, três deleções e uma inserção, além de mutações em outras regiões do genoma viral (2, 5). Algumas dessas mutações são preocupantes pois podem estar associadas ao escape da resposta imune humoral (anticorpos) e maior transmissibilidade do vírus (3).

É mais transmissível?
Evidências recentes mostram que a variante Ômicron apresenta uma transmissibilidade maior do que a variante Delta. A nova variante tem se espalhado significativamente mais rápido, dobrando o número de casos entre 1,5 a 3 dias (3).
A OMS também informou que em países com altos níveis de imunidade populacional (ou seja, países em que a maior parte da população está imunizada), a Ômicron também está se espalhando rapidamente. Ainda é incerto até que ponto a rápida taxa de crescimento pode ser atribuída à evasão imunológica, aumento da transmissibilidade intrínseca ou uma combinação de ambos fatores.
Conforme as informações disponíveis até o momento, é provável que as infecções pela variante Ômicron ultrapassem as da Delta nas regiões em que está ocorrendo a transmissão comunitária (aquela em que não é possível rastrear a origem da infecção, indicando que o vírus circula entre as pessoas) (3).
É mais grave?
Ainda é muito cedo para tirarmos conclusões, mas dados preliminares da África do Sul e Inglaterra apontam que a Ômicron está associada ao aumento do risco de reinfecção pelo SARS-CoV-2 (5, 6), e pode levar a quadros menos severos do que a Delta (7). Contudo, devido ao aumento significativo da transmissão, já é evidente que as hospitalizações na África do Sul e na Inglaterra estão aumentando, sendo possível que haja uma sobrecarga dos sistemas de saúde e um aumento no número de mortes (3).
A OMS afirma que todas as variantes da COVID-19 podem causar formas graves da doença ou morte, particularmente em pessoas mais vulneráveis. Portanto, a prevenção é sempre fundamental (8).
As vacinas protegem?
A OMS está avaliando de perto o impacto da variante Ômicron sobre as vacinas para Covid-19. Os resultados dos estudos de eficácia da vacina foram obtidos na África do Sul e na Inglaterra.
Na África do Sul, a Discovery Health (uma seguradora de saúde privada) publicou um comunicado à imprensa a respeito das descobertas preliminares da eficácia da vacina contra infecção e hospitalização. A vacina da Pfizer demonstrou uma eficácia de 33% contra a infecção e 70% contra a hospitalização (7).
Na Inglaterra, os dados preliminares indicaram que (em comparação com Delta) a Ômicron reduz significativamente a eficácia das vacinas Pfizer e AstraZeneca contra a doença (até 34%). Contudo, a dose de reforço da vacina Pfizer é capaz de recuperar a eficiência (para cerca de 70%)(9).
A Moderna, outra fabricante da vacina contra o SARS-CoV-2, demonstrou que a dose de reforço de 50mg (metade da dose que foi dada nas duas primeiras doses) da sua vacina eleva o nível de anticorpos no sangue em 37 vezes, e com a dose total (100 mg) o aumento chega a 83 vezes (10).
Assim, segundo os resultados que temos até o momento, espera-se que as doses de reforço da vacina mantenham a proteção contra a variante Ômicron (11).
Como diagnosticar?
Os exames que detectam o material genético do vírus são a principal ferramenta para diagnóstico de infecções pelo SARS-CoV-2.
Os testes RT-LAMP e RT-PCR (12,13), amplamente utilizados para o diagnóstico de COVID-19, continuam detectando as infecções causadas pela Ômicron e outras variantes (14).
O RT-LAMP (amplificação isotérmica mediada por loop com transcriptase reversa), é uma técnica molecular já extensamente utilizada para o diagnóstico de várias doenças infecciosas como Dengue, Chikungunya, Hepatite A e Zika (15, 16). A técnica é extremamente robusta para detecção de RNA viral e se tornou uma forte aliada na detecção do novo coronavírus (14).
O exame de diagnóstico molecular de COVID-19 da Mendelics
O #PARECOVID tem capacidade de testagem diária de 110 mil amostras, e os resultados são disponibilizados em até 24 horas após a amostra chegar ao laboratório.
O #PARECOVID, que utiliza amostras de saliva, identifica regiões do material genético do SARS-Cov-2 diferentes das regiões que sofreram mutações nas variantes, inclusive da ômicron.
Desta forma, o teste #PARECOVID é capaz de identificar com igual precisão as novas linhagens de importância clínica recentemente relatadas, contribuindo para o rastreamento do vírus e a prevenção da transmissão na população.
Referências
- Classification of Omicron (B.1.1.529): SARS-CoV-2 Variant of Concern. http://www.who.int. Published November 26, 2021.
- Weekly epidemiological update on COVID-19 – Published December 14, 2021.
- Enhancing Readiness for Omicron (B.1.1.529): Technical Brief and Priority Actions for Member States. http://www.who.int. Published December 17, 2021.
- Huang Y, Yang C, Xu X, Xu W, Liu S. Structural and functional properties of SARS-CoV-2 spike protein: potential antivirus drug development for COVID-19. Acta Pharmacologica Sinica. 2020;41(9):1141-1149. doi:10.1038/s41401-020-0485-4
- Pulliam J, Schalkwyk C, Govender N,et al. Increased risk of SARS-CoV-2 reinfection associated with emergence of the Omicron variant in South Africa. medRxiv 2021.11.11.
- Ferguson N, Ghani A, Cori A et al. Growth, population distribution and immune escape of the Omicron in England. Imperial College London (16-12-2021).
- Discovery Health, South Africa’s largest private health insurance administrator, releases at-scale, real-world analysis of Omicron outbreak based on 211 000 COVID-19 test results in South Africa. Published December 12, 2021.
- Update on Omicron. www.who.int. Published November 28, 2021. https://www.who.int/news/item/28-11-2021-update-on-omicron
- Andrews N, Stowe J, Kirsebom F, et al. Effectiveness of COVID-19 vaccines against the Omicron (B.1.1.529) variant of concern. medRxiv 2021.12.14.
- Moderna Announces Preliminary Booster Data and Updates Strategy to Address Omicron Variant. investors.modernatx.com.
- Cong Z, J Evans J, Qu P, et al. Neutralization and Stability of SARS-CoV-2 Omicron Variant. bioRxiv 2021.12.16.472934
- Watson J, Whiting PF, Brush JE. Interpreting a covid-19 test result. BMJ. 2020;369:m1808, 2020.
- Lamb LE, Bartolone SN, Ward E, Chancellor MB. Rapid detection of novel coronavirus/Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 (SARS-CoV-2) by reverse transcription-loop-mediated isothermal amplification. PLoS One. 2020;15(6):e0234682.
- Tamanaha E, Zhang Y, Tanner N.Profiling RT-LAMP tolerance of sequence variation for SARS-CoV-2 RNA detection. bioRxiv 2021.10.25.465706
- Wang X, Yin F, Bi Y, et al. Rapid and sensitive detection of Zika virus by reverse transcription loop-mediated isothermal amplification. J Virol Methods. 2016;238:86‐93.4
- #PARECOVID.
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