Fibrose Cística: novo medicamento disponível no SUS

Vários pacientes com Fibrose Cística (FC) no Brasil começaram o ano de 2021 comemorando! 

O medicamento ivacaftor foi incorporado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no final de dezembro de 2020, tornando o Brasil o 1º país da América Latina a ter o tratamento com medicamento ‘modulador do gene CFTR’ disponível gratuitamente na rede pública. 

Mais precisamente, o medicamento foi disponibilizado para tratamento de pacientes acima de 6 anos e 25kg que apresentem uma das seguintes mutações no gene CFTR: G55ID, G1244E, G1349D, G178R, G551S, S1251N, S1255P, S549N ou S549R.

A solicitação de incorporação foi feita com base em evidências dos ensaios clínicos realizados pela Vertex Pharmaceuticals e sustentados pelos achados do grande programa – Projeto do sequenciamento do CFTR para Fibrose Cística – coordenado pelo Grupo Brasileiro de Estudos em Fibrose Cística (GBEFC) com apoio do laboratório Mendelics e patrocínio da Vertex Pharmaceuticals, que realizou o diagnóstico genético de mais de 4.000 pacientes com FC.

O projeto iniciou em 2017, envolveu mais de 50 centros de referência de tratamento de FC e realizou mais de 4.000 sequenciamentos. Para participar, o paciente precisava ser atendido por um médico do centro de referência, que realizava o seu cadastro no Registro Brasileiro de Fibrose Cística (REBRAFC) e coletava uma amostra da saliva para o sequenciamento do gene CFTR, realizado pela Mendelics. 

 

Por que o diagnóstico genético foi tão importante para a incorporação do medicamento no SUS?

Entenda a Fibrose Cística

A FC ou mucoviscidose é uma doença genética que afeta múltiplos órgãos, principalmente pulmões e pâncreas. É crônica e progressiva, com uma grave redução da expectativa de vida das pessoas acometidas. Mais de 70.000 pessoas no mundo tem FC, incluindo mais de 5 mil brasileiros.

A FC é causada por mutações no gene CFTR. Esse gene fornece as instruções para produzir uma proteína localizada na membrana das células que atua como uma “porta” que controla a entrada e a saída de cloreto (um componente do sal) e água nas células do pulmão, pâncreas e de outros tecidos do organismo. 

As mutações presentes no gene CFTR fazem com que essa proteína não seja produzida na forma ou na quantidade correta, dessa forma, ela não exerce a sua função corretamente.

O resultado é um desequilíbrio de sal e fluidos dentro e fora das células, originando um muco espesso e pegajoso que causa os sintomas da doença, como tosse persistente, pneumonia, bronquite, insuficiência respiratória, e perda de sal pelo suor, sintoma característico da FC, que fez com que ela seja conhecida como Doença do Beijo Salgado.

Para entender mais sobre FC, leia esse artigo.

 

Mutações no CFTR e Fibrose Cística

Já foram identificadas mais 2.000 mutações no gene CFTR que causam FC. Algumas delas, como a “F508del”, são encontradas em milhares de pessoas afetadas, porém outras são extremamente raras e identificadas em poucas pessoas no mundo. 

Como cada mutação causa uma alteração diferente na proteína, os sintomas variam entre os pacientes, que exigem diferentes tratamentos. Por isso, é muito importante identificar qual é a mutação que o paciente com FC possui. 

Ter o diagnóstico genético – ou genotipagem – é um desafio para muitos pacientes, que podem estar em locais sem acesso a exames genéticos ou com acesso apenas a técnicas limitadas. É comum, por exemplo, que seja pesquisada apenas a presença da mutação F508del, deixando o paciente sem respostas, e sem opções de tratamento, em caso de resultado negativo. 

De acordo com relatórios anteriores do REBRAFC, metade dos pacientes cadastrados no país (~46%) não conhecem qual mutação genética possuem. 

É por isso que o projeto de sequenciamento foi tão importante. Com o sequenciamento de tantos pacientes brasileiros, mutações menos comuns foram identificadas na nossa população

No relatório apresentado pela Vertex Pharmaceuticals para a CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde), apesar da mutação mais frequente (presente em 51,4% dos pacientes) ser a F508del, outras 287 variantes foram identificadas, incluindo as mutações G551D, G1244E, S1251N, S549N ou S549R – alvos do ivacaftor.

Como o ivacaftor ajuda os pacientes com FC?

Nos pacientes que possuem mutações que respondem à ação do ivacaftor, a droga atua ajudando as “portas” a ficarem abertas por mais tempo, permitindo que mais íons cloreto entrem e saiam das células. O movimento dos íons cloreto ajuda a manter o equilíbrio de sal e a água nos pulmões, aliviando os sintomas.

É importante ressaltar que o medicamento ivacaftor é direcionado apenas a pacientes com FC que possuem mutações específicas. É preciso conhecer previamente as mutações do paciente para poder solicitar e realizar o tratamento. Em caso de dúvidas, consulte um médico e o relatório técnico da CONITEC.

Atualizações nos tratamentos para Fibrose Cística


Consulta Pública para incorporação de novo medicamento modulador de CFTR: Tezacaftor-ivacaftor

Em fevereiro de 2022, a Conitec abriu uma Consulta Pública para incorporação do Tezacaftor-ivacaftor (Symdeko®) no SUS para tratamento de pacientes com FC com 12 anos de idade ou mais que tenham duas cópias da mutação F508del (homozigotos), ou que tenham uma cópia da mutação F508del e pelo menos uma das seguintes mutações no gene CFTR (heterozigotos compostos): P67L, D110H, R117C, L206W, R352Q, A455E, D579G, 711+3A→G, S945L, S977F, R1070W, D1152H, 2789+5G→A, 3272-26A→G, e 3849+10kbC→T.

Tezacaftor-ivacaftor têm mecanismos de ação complementares: como descrito anteriormente, o ivacaftor aumenta a probabilidade de abertura do canal na superfície da célula para melhorar o transporte de cloreto; já o tezacaftor ajuda a célula a produzir mais “portas” e levá-las para a superfície celular. 

Logo, o tezacaftor ajuda a célula a produzir mais canais de íons cloreto enquanto o ivacaftor ajuda esses canais a funcionarem mais eficientemente. Esse efeito combinado do tezacaftor e do ivacaftor aumenta a quantidade e função da proteína CFTR na superfície celular, resultando no aumento do transporte de cloreto e, consequentemente, na melhora dos sintomas do paciente.

 

Diagnóstico genético é esperança. Diagnóstico genético é com a Mendelics

O objetivo da Mendelics é oferecer exames genéticos complexos a preços acessíveis, democratizar o acesso ao diagnóstico genético e divulgar a importância desses exames entre os médicos, operadoras de saúde e pacientes.

A FC é uma das mais de 340 doenças investigadas no Teste da Bochechinha. O teste de triagem neonatal genética que complementa o Teste do Pezinho básico oferecido pelo SUS. Através da moderna técnica de sequenciamento de nova geração (NGS) analisamos o DNA do bebê em busca de alterações no CFTR e em centenas de outros genes. 

Bebês com alto risco de desenvolver FC, identificadas no Teste da Bochechinha, podem iniciar precocemente o acompanhamento médico e tratamento da doença. Quanto mais cedo diagnóstico e o início do tratamento, maior a qualidade de vida do paciente.

Quando a criança (ou pessoa de qualquer idade) tem sintomas de FC ou o recém-nascido teve o resultado do teste do pezinho positivo para FC, recomenda-se realizar um exame genético de diagnóstico para confirmar a suspeita. 

A Mendelics oferece exames para o diagnóstico de FC, incluindo o Painel de Doenças Tratáveis e o Exame de Sequenciamento do Gene CFTR

Converse com um médico de sua confiança e, se houver a necessidade de um exame diagnóstico genético, entre em contato conosco!

Quer saber mais sobre a Fibrose Cística e os exames de diagnóstico da Mendelics? Entre em contato com a nossa equipe pelo telefone (11) 5096-6001 ou através do nosso site.

 


Referências

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